Dólar nas alturas? O impacto da moeda na economia brasileira e o que isso pode refletir

Por Matheus Miloni.

Todos os dias o noticiário traz um acompanhamento da variação das moedas estrangeiras. No rádio, jornal e TV, somos informados sobre as cotações da libra esterlina, do euro e principalmente do dólar, sendo essa a moeda mais comercializada do mundo. Mas você deve se perguntar, o que é a alta do dólar e o que isso influencia? A alta no dólar consiste no aumento do preço da moeda frente ao real. Dessa forma, o preço do dólar em reais, ou seja, sua a cotação, é definida pela relação de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira. Ou seja, quando há uma maior procura de dólares no Brasil, há uma alta no dólar. Quando sua cotação está muito alta, as importações em geral ficam mais caras.

Além do mais, dá para se ter um parâmetro do quanto o real vale perante o mundo quando acompanhamos o valor da moeda estrangeira e não para pôr aí. A influência do dólar na economia brasileira vai muito além do preço daquela passagem de avião para as férias fora do Brasil. Em uma economia globalizada, o preço do dólar (moeda mais comercializada no mundo) afeta desde o preço da carne nacional à capacidade da indústria brasileira de exportar, em um jogo intrincado no qual, nem sempre, as respostas são óbvias, deixando diversas consequências.

As sequelas da alta do dólar também chegam à microeconomia, uma vez que a moeda também está presente nas transações financeiras brasileiras. Por exemplo: se o governo ou empresários têm empréstimos nessa moeda e há uma valorização da cotação, a dívida ficará maior em moeda nacional. Além disso, empresas que necessitam de insumos provenientes do estrangeiro também são prejudicadas, uma vez que elas devem optar por passar os maiores custos de produção para o consumidor (o que pode diminuir as vendas) ou diminuir sua margem.

Contudo, a desvalorização do real não é sempre um fator negativo, principalmente em âmbito da macroeconomia. Por exemplo, quando há uma valorização da moeda americana em relação ao real, isso acaba por beneficiar o setor exportador. Isso ocorre porque o produto brasileiro fica mais barato em moeda americana, o que tende a levar a um aumento nas vendas lá fora. Além disso, o real mais barato estimula o setor de turismo, pois turistas estrangeiros acham mais interessante vir ao país por conta dos menores custos.

Se você é um investidor pessoa física, e está pensando em fazer uma viagem internacional, estudar fora, morar no exterior por um tempo ou até mesmo apenas manter o valor do seu patrimônio em moeda estrangeira, fica o grande questionamento ‘’como se proteger contra os impactos da alta do dólar?’’  e, para solucionar esse problema, trouxemos algumas das principais maneiras de se proteger da variação do câmbio. Vamos ver cada uma delas e quais são as vantagens e desvantagens que apresentam.

Moeda física

Comprar dólar, o papel-moeda, é, digamos, a forma mais intuitiva de se proteger da variação cambial. No entanto, ela também é a maneira menos recomendada de fazer isso. Manter dólares em casa é perigoso, é como guardar dinheiro embaixo do colchão. Você fica sujeito a roubos e, se alguém descobrir que você tem um volume alto em casa, pode inclusive ser perigoso. Além disso, se acontecer algum acidente em casa, como um incêndio ou desabamento, além de perder o imóvel, você vai perder também o dinheiro. O imóvel ainda pode estar protegido por um seguro, mas, para dinheiro em espécie, não existe essa possibilidade. Além disso, o papel-moeda se desgasta com o tempo e você corre o risco de as notas não serem aceitas quando for usá-las. Assim, só faz sentido comprar dólares em espécie se você for usá-los no curto prazo, como em uma viagem.

Investimentos

No caso do dólar, os melhores tipos de investimentos que podem ser usados para proteger o patrimônio da variação cambial: fundos cambiais, fundos multimercados, contratos futuros de dólar e ETFs (Exchange Traded Funds, que são fundos negociados em bolsa e que seguem a composição de algum índice) de ações norte-americanas.

Cada um deles tem a sua especificidade, como vamos ver com mais detalhes no próximo tópico.

Fundos Cambiais

Essa é, provavelmente, a primeira opção que vem à mente de quem procura uma proteção contra a alta do dólar. Os fundos cambiais são fundos de investimento que têm em sua carteira alguns ativos atrelados a moedas estrangeiras. Algumas pessoas aplicam nesses fundos para tentar lucrar com a variação cambial, mas esse é um movimento bastante arriscado, já que nunca se sabe qual será a direção que a cotação da moeda vai tomar.

Contratos futuros de dólar

Os contratos de dólar futuro são um tipo de derivativo que você pode comprar na bolsa de valores. Na prática, você vai fazer um acordo de compra ou venda da moeda norte-americana em um prazo futuro, por um preço estabelecido previamente, quando fechar o contrato. Não é preciso ter tanto dinheiro assim para usar esse mecanismo. Os contratos cheios representam uma movimentação de US$ 50 mil e exigem que a negociação seja feita em lotes mínimos de cinco contratos, totalizando, portanto, US$ 250 mil. No entanto, é possível também negociar os chamados minicontratos, que representam apenas 20% do contrato cheio, ou seja, US$ 10 mil, e sem número mínimo para operação.

Fundos Multimercados

Diferentemente dos fundos cambiais, os fundos multimercados não investem apenas em ativos ligados a moedas estrangeiras. Aqui, a ideia é que eles tentem obter boa rentabilidade qualquer que sejam as condições de mercado, ajustando sua estratégia de investimento ao cenário atual. Isso passa também por investir em ativos no exterior que se mostrem como uma boa oportunidade de rentabilizar os recursos dos cotistas. Assim, os fundos multimercados não são uma proteção tão direta contra a alta do dólar quanto os fundos cambiais e os contratos de dólar futuro, mas também podem ter essa função indiretamente.

ETFs

Como explicado, os ETFs são fundos de investimento cujas cotas são negociadas na bolsa de valores como se fossem uma ação, mas que seguem a composição de algum índice. Assim, existem ETFs que seguem, por exemplo, o Ibovespa ou índice de Small Caps ou ainda ETFs de renda fixa, como os que acompanham o IMA-B. Entre os ETFs de renda variável listados na B3, há dois que seguem o S&P 500, que é o índice das bolsas norte-americanas (New York Stock Exchange e Nasdaq) que reúne as 500 principais empresas dos Estados Unidos, dos principais setores da economia daquele país. Assim, comprando uma única cota desses ETFs você investe em todas essas 500 empresas cujas ações nem são negociadas na bolsa brasileira.

Assim sendo, você acompanhou algumas das principais razões que levaram à alta recente da moeda norte-americana, as consequências que isso pode trazer para os seus investimentos, para o seu patrimônio de forma geral e quais são as opções que o mercado apresenta de como se proteger da alta do dólar. Seja qual for a sua escolha, lembre-se de que essa proteção é fundamental para reduzir riscos e evitar surpresas desagradáveis. Outro fator importante é que não importa qual opção escolhida, é muito importante contar uma corretora de investimentos muito bem preparada e também sempre que possível, você deve estar completo de informações sobre o mundo dos investimentos.

A Geração Investimentos é o maior centro de treinamentos de bolsa de valores do Brasil, com mais de 5 mil alunos formados, cujo objetivo é fomentar o desenvolvimento do cidadão brasileiro e a sua participação na Bolsa de Valores. Vale destacar que nenhum dos produtos de investimentos citados aqui são recomendações e é necessário que todo investidor consulte profissionais da área ou instituições regularizadas.