CRIPTOMOEDAS: O GUIA DE A a Z

Se você acompanha o mercado, mesmo que de longe, já foi surpreendido pelos altos e baixos de criptomoedas no noticiário. A mais famosa é o Bitcoin, mas muitas outras também já têm relevância – e a simpatia dos investidores. Mas afinal, você sabe o que é uma criptomoeda? Como funcionam esses ativos e como negociá-los?

Nos últimos anos, as criptomoedas vêm ganhando força, e, apesar de suas flutuações características, mais e mais pessoas começam a ver esses ativos como uma opção de investimento.

Entretanto, a criptomoeda, assim como qualquer outro investimento com potencial de altos retornos, é um empreendimento arriscado. Então, se você está pensando em investir em moeda virtual, é importante avaliar os custos e benefícios antes de adicionar criptomoedas à sua carteira de investimentos.

Mas afinal, o que são criptomoedas?

Genericamente, uma criptomoeda é um tipo de dinheiro – como outras moedas com as quais convivemos cotidianamente – com a diferença de ser totalmente digital. Além disso, ela não emitida por nenhum governo (como é o caso do real ou do dólar, por exemplo).

Vale destacar que, por ser negociada em um mercado completamente livre e descentralizado, as criptomoedas costumam oscilar de forma mais forte, o que resulta em uma alta volatilidade.

Embora o Bitcoin seja a moeda digital mais conhecida, o conceito de criptomoeda é anterior a ele. Segundo o site Bitcoin.org, mantido pela comunidade ligada ao Bitcoin, as criptomoedas foram descritas pela primeira vez em 1998 por Wei Dai, que sugeriu usar a criptografia para controlar a emissão e as transações realizadas com um novo tipo de dinheiro. Isso dispensaria a necessidade da existência de uma autoridade central, como acontece com as moedas convencionais.

Para que servem

As criptomoedas podem ser usadas com as mesmas finalidades do dinheiro físico em si. As três principais funções são servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais; reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como unidade de conta, quando os produtos são precificados e o cálculo econômico é realizado em função dela.

O que é mineração?

Para entender o que é mineração, é preciso saber que as moedas digitais – como o Bitcoin – representam um código complexo que não pode ser alterado. As transações realizadas com elas são protegidas por criptografia.

Como não há uma autoridade central que acompanhe essas transações, elas precisam ser registradas e validadas uma a uma por um grupo de pessoas, que usam seus computadores para gravá-las no chamado blockchain.

O blockchain é um enorme registro de transações. Segundo Ulrich, trata-se de um banco de dados público onde consta o histórico de todas as operações realizadas com cada unidade de Bitcoin (outras moedas digitais se baseiam nessa mesma tecnologia). Cada nova transação – uma transferência entre duas pessoas, por exemplo – é verificada contra o blockchain, para assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido previamente usados por outra pessoa.

Quem registra as transações no blockchain são os chamados mineradores. Eles oferecem a capacidade de processamento dos seus computadores para realizar esses registros e conferir as operações feitas com as moedas – em troca disso, são remunerados com novas unidades delas. Bitcoins são criados conforme os milhares de computadores que formam essa rede conseguem resolver problemas matemáticos complexos que verificam a validade das transações incluídas no blockchain.

Em outras palavras, a mineração representa a criação de novas unidades de alguns tipos de moedas digitais. Se mais computadores passam a ser usados para aumentar a capacidade de processamento voltada à mineração, os problemas matemáticos que precisam ser resolvidos se tornam mais difíceis. Isso acontece exatamente para limitar o processo de mineração.

Como funciona a variação de preço

Basicamente, o preço das moedas digitais varia segundo a boa e velha lei da oferta e da demanda. Nas épocas em que as criptomoedas ganham mais atenção, é normal que elas sejam mais procuradas pelos investidores, o que amplia o volume de compras – e consequentemente, os preços tendem a subir.

“Há somente um número limitado de bitcoins em circulação e novos Bitcoins são criados em uma taxa previsível e decrescente, o que significa que a demanda deva seguir este nível para manter seu preço estável”, explica o site Bitcoin.org.

Por ser um mercado ainda pequeno, poucas operações com criptomoedas são capazes de causar um impacto relevante nas cotações. Em um período de apenas três meses em 2017, por exemplo, o preço do Bitcoin saltou de cerca de US$ 4.370 para US$ 13.800. Pouco mais de um ano depois, já havia recuado novamente para US$ 3.500. As cotações, como se vê, podem ser bastante voláteis e são conferidas através da análise gráfica.

Qual a diferença entre criptomoedas e moeda digital?

O conceito de moeda digital pode ser entendido como “dinheiro eletrônico”, dessa forma ao fazer pagamentos com cartão de crédito ou débito, por exemplo, você está lidando com moeda digital. Diante disso, podemos classificar a criptomoeda como uma espécie de moeda digital também. Entretanto, elas possuem características muito peculiares que a distinguem de outras moedas digitais.

Isso porque, enquanto as criptomoedas têm como principal característica a descentralização dos meios de pagamentos, na moeda digital o sistema é centralizado. Para ficar mais claro, imagine, por exemplo, a Mastercard, onde todas as transações realizadas no crédito ou débito precisam ser confirmadas pela companhia.

Além disso, a operadora pode bloquear movimentações e até mesmo mudar as regras da rede a qualquer momento que achar necessário. Isso é possível porque, sendo a Mastercard uma entidade centralizada, ela tem controle total e poder de decisão sobre todo o funcionamento do sistema. Em sentido contrário, as criptomoedas são totalmente descentralizadas. Qualquer atualização ou mudança deve passar pela análise da comunidade. 

Desse modo, na maior parte das criptomoedas ninguém manda na rede, já que as criptomoedas foram desenhadas para serem descentralizadas e, logo, democráticas.

Vale destacar ainda que é praticamente impossível conseguir hackear uma criptomoeda, como também é quase impossível derrubar a rede para que ela fique indisponível.

Por outro lado, quando se fala em moedas digitais de uma forma geral é mais frequente que suas redes sejam interrompidas por ataques em seus servidores. Em outras palavras, as moedas digitais são muito mais vulneráveis a hackers.

Principais criptomoedas

Bitcoin

Bitcoin (BTC) foi a primeira criptomoeda do mundo e até hoje possui forte presença global. Ele foi criado em 2008, em meio à crise financeira do mercado norte-americano de hipotecas, e que teve reflexos no mundo todo. O intuito era substituir o dinheiro de papel e eliminar a atuação dos bancos como intermediários nas operações financeiras. Além disso, essa criptomoeda apresentou o primeiro sistema de pagamentos global totalmente descentralizado.

Diretamente associado ao blockchain, o Bitcoin ganha de todas as criptomoedas quando o assunto é base de usuários, liquidez e segurança. Ao comparar o valor de mercado, o Bitcoin é quase três vezes maior do que a soma do valor de mercado das outras 9 criptomoedas que compõem o ranking das 10 maiores.

Em fevereiro de 2021, o Bitcoin chegou a bater o recorde em valor de mercado ao alcançar a marca de US$ 1 trilhão ou R$ 5,4 trilhões no mesmo dia.  Para se ter uma ideia da dimensão desse valor, o mercado de Bitcoin chegou a valer mais do que todas as empresas listadas na B3 que juntas somavam R$ 5,1 trilhões em fevereiro de 2020.

Algumas das maiores empresas em todo o mundo, incluindo Microsoft, Overstock e AT&T, aceitam o Bitcoin como um método de pagamento.

AltCoin

Altcoin é um termo usado para definir qualquer criptomoeda que não seja o Bitcoin. O “alt” no termo se refere à palavra “alternativa”, indicando justamente as moedas que são alternativas ao Bitcoin no mercado cripto.

Cada altcoin possui o seu próprio funcionamento, sendo que algumas podem usar um sistema completamente diferente do blockchain, enquanto outras usam essa mesma tecnologia.

A principal vantagem da altcoin é que ela se mostra uma substituta à bitcoin podendo ser negociada a um preço menor, ou oferecer uma perspectiva de ganho futuro maior. Confira agora alguns exemplos de alt coins:

Ethereum

A Ethereum (ETH) é, atualmente, a segunda maior criptomoeda em valor de mercado. Em fevereiro de 2021, seu valor de mercado estava acima de US$ 197 bilhões.

A moeda foi criada em 2014 por meio de um financiamento coletivo e seu objetivo principal era permitir aos desenvolvedores criar aplicativos descentralizados. Inicialmente, essa moeda digital se chamava Ether. No entanto, em 2016 um hacker encontrou uma falha no sistema e roubou cerca de US$ 50 milhões em Ether.

Ao repensar sobre qual seria o futuro da moeda, a comunidade que a mantinha optou por criar uma rede. Então, o Ether – alvo do roubo – passou a ser chamado de Ethereum. O Ethereum usa tecnologia blockchain mais avançada que o Bitcoin. Às vezes é chamado de Blockchain 2.0. 

Além disso, essa criptomoeda permite que seus usuários projetem e construam seus próprios aplicativos descentralizados em sua blockchain. Os desenvolvedores do Ethereum podem criar versões de aplicativos centralizados como Facebook, Amazon, Twitter ou até mesmo Google. Assim como no caso do Bitcoin, a criação de novas moedas do Ethereum também se baseia no processo de mineração.

Ripple

A criptomoeda Ripple (XRP) é atualmente a terceira criptomoeda mais valiosa em valor de mercado, logo atrás do Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH). Ripple ganhou espaço buscando integração ao setor financeiro, especialmente nas remessas internacionais de valores.

Litecoin

Os Litecoins (LTC) foram criados por Charlie Lee em outubro de 2011 inspirado no formato do Bitcoin. Dessa forma, essa criptomoeda também é sustentada por uma rede peer-to-peer em um projeto de software livre. Entretanto, a rede Litecoin processa um bloco cada 2,5 minutos, em vez de cada 10 minutos, como é o caso do Bitcoin. Além disso, o sistema Litecoin irá produzir 84 milhões de criptoativos, o que representa quatro vezes mais unidades do que a rede Bitcoin.

Cardano

O projeto Cardano é um dos que mais prometem inovações para o mundo das criptomoedas. Construído com o intuito de ser mais que apenas mais uma criptomoeda, o projeto como um todo é formado por uma plataforma que tem o objetivo de executar diversos aplicativos financeiros descentralizados, que possam facilitar processos e ações financeiras para empresas, governos ou pessoas físicas. Ou seja, a plataforma é uma rede que integra múltiplas funcionalidades em um único lugar.

Vantagens e riscos de investir em criptomoedas

Criptomoedas são ativos recentes e com uma lógica bastante sofisticada de funcionamento. As moedas digitais têm algumas vantagens sobre moedas físicas e outros meios de pagamentos. Confira algumas:

Liberdade de pagamento: Com um Bitcoin, é possível enviar ou receber qualquer valor instantaneamente em qualquer lugar.

Taxas baixas: Atualmente, pagamentos realizados com moedas digitais são processados com taxas baixas ou até isentas. Há cobranças caso os usuários desejem ter uma confirmação mais rápida das operações pelo sistema. Para o comércio em geral, existem serviços baseados em Bitcoins em que o processamento das vendas e a transferência dos valores são realizados diariamente e com custos menores do que os dos métodos tradicionais, como PayPal ou redes de cartão de crédito.

Segurança: Segundo o site Bitcoin.org, os pagamentos com Bitcoin podem ser realizados sem vincular informações pessoais do usuário à transação. “Isto oferece forte proteção contra furto de identidade”, informa. Outra vantagem é que o usuário pode proteger o dinheiro com cópias de segurança e criptografia.

Transparência: Todas as informações sobre a oferta de unidades de Bitcoin ficam disponíveis na blockchain para qualquer pessoa. Ninguém, nem nenhuma organização, pode controlar ou manipular o protocolo da moeda digital porque ele é criptografado. Com isso, o núcleo do Bitcoin é reconhecido como confiável por ser neutro, transparente e previsível.

Quem aposta no mercado de moedas digitais, por outro lado, precisa estar atento para uma série de detalhes que são específicos desse segmento. Alguns deles são:

Grau de aceitação: Como uma quantidade relativamente pequena de pessoas conhece e – menor ainda – usa as moedas digitais, são poucos os estabelecimentos que aceitam essa forma de pagamento, conforme informa o site Bitcoin.org.

Volatilidade: Grandes ajustes de preços não são raros em moedas digitais como o Bitcoin. Isso acontece exatamente porque, aos poucos, as criptomoedas estão ganhando visibilidade, o que atrai muitos novos usuários e acaba sobrevalorizando o ativo.

“Esses ajustes se assemelham a bolhas especulativas tradicionais: coberturas da imprensa otimistas em demasia provocam ondas de investidores novatos a pressionar para cima o preço do Bitcoin. A exuberância, então, atinge um ponto de inflexão, e o preço finalmente despenca”, explica especialista. Alguns analistas se mostram céticos a esse comportamento, enquanto outros acreditam que o amadurecimento do mercado e do sistema tendem a reduzir a volatilidade ao longo do tempo.

Segurança: Embora o Bitcoin.org reforce a segurança como um aspecto positivo da moeda digital, especialista ressalta que se os usuários não forem cuidados correm o risco de “apagar” ou perder suas criptomoedas. “Uma vez que o arquivo digital esteja perdido, o dinheiro está perdido, da mesma forma com dinheiro vivo de papel”, afirma.

Como investir em criptomoedas

Existem algumas formas de investir ou adquirir Bitcoins e outras criptomoedas. É possível comprar cotas de fundos de criptomoedas, negociá-las diretamente em uma corretora especializada (também conhecida como exchange), aceitando as moedas digitais como pagamento em algum negócio ou ainda minerando.

Adquirir cotas de fundos é uma das formas mais simples. Em 2018, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu que os fundos brasileiros fizessem investimentos indiretos em criptomoedas no exterior – comprando derivativos ou cotas de outros fundos, por exemplo.

Também é possível investir em criptomoedas por meio de ETFs (Exchange Traded Funds), ou seja, um fundo de investimento que é negociado na bolsa de valores como uma ação.

Outra forma relativamente simples de investir em Bitcoins e outras criptomoedas é por meio de uma corretora especializada. Existem algumas casas no Brasil, chamadas de exchanges, que oferecem esse tipo de serviço.

O primeiro passo é abrir uma conta na exchange, preenchendo um cadastro com dados pessoais. É possível que ela solicite a apresentação de alguns documentos ou cópias deles para validar a identidade do investidor.

Algumas corretoras adotam mecanismos extras de proteção, além das usuais senhas, como tokens. Se for o caso da Exchange que você tiver escolhido, será preciso fazer as devidas ativações. Depois, basta transferir dinheiro para a conta e começar a operar.

Conclusão

De toda forma, muita gente discute o papel das criptomoedas no futuro. Alguns dizem que essa vai ser a principal forma de transação daqui uns anos, mas ainda é cedo para dizer.

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Por Matheus Miloni